Sim, o título é auto-explicativo. E por mais absurdo
que pareça compartilhar tal visão com os irmãos alvinegros, escrevo com paixão
e argumentos. Diante da lastimável situação na qual nos encontramos, e
considerando as alternativas que temos em mãos, acho que não teremos
desfibrilador mais eficaz.
Estamos passando
por uma situação que não é nova, e o pior, já nos acostumamos. Antes dos pontos
corridos nos anos 90, diversas fórmulas foram experimentadas, desde grupos com
repescagem até um turno único com playoffs, e tais formatos não denunciavam a
fragilidade de nosso clube, primeiro pelo fato de termos chegado a duas finais
em uma década em função de gerações memoráveis, segundo pelo fato de tais
formatos sempre privilegiarem os times maiores, fazendo com que pequenas
potências fossem condenadas desde o início do torneio. Se por um lado foi
possível ver Bragantino e União São João durarem bons anos na elite, foi quase
que um sopro a passagem de times como Ferroviário, Desportiva e Ceará. Quando o
Botafogo não brigou pelos títulos (leia-se 1992, 1994 e 1995), não corria
riscos severos, pois havia meios de se segurar no corrimão. Porém, veio o milênio
da verdade.
Após a adoção dos
pontos corridos por uma questão de padronização com o formato internacional
estabelecido pela FIFA, o Botafogo se apequenou e as verdades vieram a tona. O
que aconteceu e, 2013 foi o que aconteceu com o Bragantino nos anos 90. A
tônica das ultimas duas décadas é fechar o campeonato em décimo e planejar o
ano seguinte, ou suar sangue na última rodada, “imortalizar” Shwenck e declarar
Sandro como o herói da resistência. A diretoria se acostumou com isso, o
torcedor idem e o atleta que chega vai aspirar pelo que? “Cheguei no Botafogo,
boa vitrine. O foco é conseguir uma trasnferência para o São Paulo ou a Ásia
antes de ir junto pra vala.”.
É duríssimo dizer
isso. Algumas equipes cresceram com o rebaixamento, como Atlético-MG e
Corinthians, outras ainda não aprenderam muito e correm o risco de estarem se
acostumando a cair, como Vasco e Palmeiras. Só que essas duas podem usar a Taça
Libertadores para apoiar os braços enquanto choram.
Não me condenem.
Vou completar no próximo ano três décadas de sangue alvinegro. Escrevo isso
como um pai que sabe que o filho cometeu um crime e que merece ser preso, mas
que no tribunal, movido pelo amor, torce para o juiz converter a pena em
serviços comunitários. Estive em 2003 no Caio Martins diversas vezes. Aquele
momento seria o ressurgimento do nosso clube, se no ano seguinte não tivéssemos
escapado na última rodada e, com isso, voltado a crer que o nosso destino é
esse mesmo. Se cair Botafogo, cairá junto com as máscaras dos políticos que
moram em General, junto com as dos que fomentam essa estrutura. E se você cair,
Botafogo, eu vou chorar como um pai que vê o filho atrás das grades, mas que de
lá não arreda o pé.
Que atire a primeira pedra quem em seu exercício de busca de solução, não tenha cogitado isso. Nesse momento, ficar na série A apenas parece ser bem menor do que o que está realmente em jogo, que é a decisão sobre o que significa o Botafogo de Futebol e Regatas.
Que atire a primeira pedra quem em seu exercício de busca de solução, não tenha cogitado isso. Nesse momento, ficar na série A apenas parece ser bem menor do que o que está realmente em jogo, que é a decisão sobre o que significa o Botafogo de Futebol e Regatas.