quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Ser Atlético um dia - Por Daniel Accioly



Já passava da meia-noite. Estava eu e minha irmã na Tijuca comendo um cachorro quente na rua. Um dia no qual futebol era longe de ser algo de minha pauta. Afinal, mesmo que fosse pra secar, parecia inglório. Mas a cena de um mar de flamenguistas cabisbaixos, sem entoar nenhuma música. Um silêncio sepulcral que me chamou atenção. Chegando em casa, fiquei em fim sabendo que ocorreu mais um milagre promovido pelo Atlético Mineiro. Eu riria em outros tempos se ouvisse falar algo similar, pois o time de minas era o meu álibi.
Sei que o Brasil possui 12 clubes considerados grandes. Quando nesses quase 30 anos de Botafogo a situação do clube me fazia sentir o fundo do poço,  lembrava que o clube mineiro passava por um calvário maior. Afinal, o título nacional mais representativo era de 71 e o acúmulo de insucessos e garfadas fazia lembrar o nosso clube, mas em uma escala maior. Não importava se estatisticamente o CAM possuía mais torcida. Me sentia sim no direito de rir de um clube que naufragava em todos os nacionais e que tinha que aturar o seu maior rival como multicampeáo nacional e internacional. Esse tempo acabou.

O exemplo do Atlético é para copiar sem medo de parecer pequeno. Um clube que caiu pra segunda divisão e agora é sinônimo de causas impossíveis. Tais causas tem ligação com a torcida, mas a torcida só se conectou quando viu a diretoria se coçar. Kalil é uma figura folclórica, mas não mediu esforços nesses anos para tentar trazer o melhor para o Atlético, como o goleiro Victor, que ele tirou do Grêmio sem querer saber se Grêmio é grande ou não. Assim como Ronaldinho, que ele teve coragem pra trazer e pra mandar embora, quando o jogador se ambientou além da conta às regalias do clube. Claro que Kalil é apontado como quem tem o mérito, assim como já fizemos com o senhor Assumpção. O que deixamos pra depois em nosso clube foi o que o CAM não deixou em investimento em estrutura. Com um dos Cts mais modernos do país (e quem sabe do continente), o clube trabalha com eficácia e tranquilidade. Ainda parece irreal imaginar o time de minas campeão brasileiro por uma questão de estigma. Mas você que está lendo viu junto comigo o Fluminense ir para a série C e de repente virar um forte candidato todo ano (por motivos diferentes do clube mineiro, e em resultado que imagino ser finito).  O texto de hoje não precisa ser muito embasado com estatísticas, pois os fatos trazem um simples e único sentimento: Queria ser Atlético um dia.

E sobre nossa atual situação, acho que é redundante falar. O melhor cenário ainda sim é humilhante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário