sábado, 21 de junho de 2014

About Garrincha - Por Daniel Accioly



Nessa semana, o jogador holandês Van Persie, um dos destaques dessa edição da Copa do Mundo, revelou sua grande inspiração no futebol. Para quem esperava o trivial Pelé ou Maradona, ou mesmo os conterrâneos Cruyff, Van Basten ou Gullit, a revelação de que Garrincha rodeia a imaginação do craque do Manchester United causou surpresa. Persie declarou: “Eu assisti a um filme quando eu era adolescente sobre o Garrincha, e me inspirou muito a maneira como jogava. Era rápido, marcava grandes gols, fazia grandes cruzamentos. Foi uma inspiração entre jogadores brasileiros.”. Para nós, mesmo os que não puderam desfrutar da genialidade de Mané (como é meu caso), acho que não foi tão surpreendente assim. Porém, percebi uma certa consternação por parte dos sites e páginas no Facebook ligadas ao glorioso. Mané é marginalizado pelos que tem voz, tratado por alguns veículos como uma simples passagem histórica. Mas ainda bem que outros que possuem voz se manifestaram sobre esse gênio, ao longo dos tempos. Reuni abaixo alguns fragmentos, videos e citações de grandes craques e jornalistas sobre o nosso eterno camisa 7. Evidente que faltam muitas, mas a minha intenção é apenas proporcionar um aperitivo.

Garrincha: Depoimentos de Didi, Nilton Santos, Denner e outros:



Maradona: "Jamais alguém, além de Garrincha, precisou não de cinco mas de oito marcadores em simultãneo para evitar que destroçasse completamente a defesa adversária."

Jairzinho: "Eu adorava fazer gols e o Garrincha, o meu antecessor, era a minha referência. Ele marcava de letra, de perna esquerda, de livre, de cabeça, de todas as formas. Ser colega de equipa dele, no clube e na seleção, só pode ter sido uma bênção divina."

Seedorf: Craque holandês coloca Garrincha entre os maiores do mundo. Holandês diz que 'mais de mil pessoas' lhe contaram sobre o ídolo alvinegro.


Cruyff: Johan Cruyff montou seu time ideal em seu segundo livro, “Futebol, minha filosofia”.O time ideal de Cruyff tem  Yashin; Carlos Alberto, Beckenbauer e Krol; Guardiola, Bob Charlton, Keizer e Maradona; Di Stéfano, Pelé e Garrincha.

Gerson: O canhotinha de ouro fala sobre a genialidade de Garrincha.


Eusébio: “(...) houve um brasileiro melhor do que Pelé. Era Garrincha. Tinha a perna torta assim (indicando com o braço), e outra esticada normal. Como podia fazer aquilo tudo com essas dificuldades? Era um paralítico! E como jogou bola... Muito melhor do que todos nós. Mas como Garrincha era do povo, gostava de outra bebida que não era exatamente a água, ficou marginalizado.”

Neymar: "Claro que é sempre uma honra ser comparado ao Pelé, mas meu pai já me disse uma vez que meu futebol é mais parecido com o do Garrincha."

Rivellino: Para Roberto Rivelino, titular do time tricampeão mundial em 1970, Mané foi melhor que o Rei em Mundiais.


Como um "plus", ainda vale o que o site da FIFA diz sobre o anjo das pernas tortas, nesse LINK.

Portanto alvinegro ou torcedor de outro clube, nada de exaltações. O que Van Persie disse é muito importante por manter viva a memória do maior jogador de futebol que já existiu, mas de forma alguma deve ser encarado como polêmica, e sim como mais uma declaração. Trouxe apenas alguns indícios dos muitos que estão espalhados de que no Botafogo de Futebol e Regatas, jogou o maior.

domingo, 8 de junho de 2014

Ele merece - Por Daniel Accioly



Ídolo: s.m. Figura, estátua que representa uma divindade que se adora.
Pessoa à qual se prodigam louvores excessivos ou que se ama apaixonadamente: ele é o ídolo da juventude.
Diz-se de certas figuras que desfrutam de grande popularidade (artistas de cinema, cantores populares, jogadores de futebol etc.).

Optei por escolher iniciar o texto com o fragmento acima apenas por lembrar que o conceito de ídolo pode ser difuso, sobretudo para os mais jovens, mesmo que seja sabido através dos relatos históricos que por nosso clube passaram atletas como Heleno de Freitas, Garrincha, Nilton Santos, Jairzinho e tantos outros. Acompanho o Botafogo há 25 anos e vi em raros momentos brotar o sentimento de reciproca idolatria entre nossa torcida e um atleta. E quando aconteceu, aconteceu por um motivo muito simples, que transcende questões técnicas ou táticas. Os ídolos das ultimas décadas optaram por vestir a camisa da instituição Botafogo, e não a da equipe Botafogo. E se existe uma corrente que diz que de forma alguma Sebastian Abreu foi ídolo, sugiro que daqui há alguns anos seja feito o seguinte teste, muito simples: Basta sair por aí, identificar botafoguenses e dizer para para os mesmos o nome "Loco Abreu". Improvável que o resultado de parcela mais que significativa não seja um imediato sorriso. Caso você seja o entrevistador e queira confirmar o resultado coletado, experimente dizer  "Dodô" em seguida...

Abreu foi contratado em 2010 e por pouco não vai para o Santos. Desconhecido aqui o Brasil, possuía a credencial de jogador da seleção uruguaia e colecionava algumas atuações de destaque em clubes como Nacional (URU) e River Plate (ARG). Porém, em sua passagem anterior pelo Brasil, jogando pelo Grêmio, nenhuma impressão significativa deixou a ponto da torcida alvinegra ter algum material para embasar esperança. As contratações anteriores dos atacantes estrangeiros Escalada e Zarate ainda repercutiam no imaginário alvinegro, e a estréia do camisa 13 foi logo no emblemático 6 x 0 contra o Vasco. Substituído no intervalo, Abreu parecia apenas mais um personagem fadado ao insucesso, vivendo um sonho de verão no Botafogo. Porém, no mesmo carioca desse triste placar, El Loco colocou nosso maior rival de joelhos, de uma forma que você sempre vai lembrar, seu filho vai lembrar, seu neto vai saber e seu bisneto vai ver.

Em sua passagem, Abreu conseguiu elevar a auto-estima do clube e da torcida, apesar de que seus feitos foram apenas semente para um clube que ainda se vê gordo e feio quando de frente para o espelho. Em 25 anos de Botafogo, só consigo citar Túlio como outro que conseguiu vestir a camisa da instituição e causar esse frio na barriga do ranzinza por natureza (com toda razão) botafoguense. Tal análise não quer dizer que outros jogadores não tiveram passagens de destaque. Por aqui, vi jogadores do mais alto gabarito como Bebeto, Dodô, Seedorf, entre outros. Nenhum dos citados vestiu a camisa da instituição, mas serão encontrados nos registros históricos. O registro histórico de El Loco merece um volume próprio.

Sebastian Abreu já está nos últimos momentos como jogador. Não conseguiu se manter no grupo de Oscar Tabárez e desfruta do frisson de ser jogador no Rosário Central. Apesar de tudo isso, imagino o uruguaio no Botafogo em breve. E ele vai querer.

Por isso, quem puder (e quiser) prestigiar essa emblemática figura, deve comparecer ao evento "Loco Convida - Eu quero é ver o Loco!" em Copacabana nessa terça-feira, dia 10/06. Uma grande homenagem com diversos eventos dentro de uma programação que será iniciada às 19 horas. De acordo com a organização, restam poucos convites.

Pode ser que Sebastian Abreu não tenha sido craque, mas uma coisa é incontestável: Ele merece.


A programação do evento contará com as seguintes atrações:

18h30 - Loco Responde (coletiva para imprensa, com participação de torcedores sorteados)
19h - Exibição de gols no telão comentados pelo craque
19h30 - Entrega de Diploma da Honra da Torcida Alvinegra
19h45 - Sorteio de brindes autografados
20h às 22h - Seção de autógrafos e fotos
22h em diante - Música com DJ

Serviço:
LOCO CONVIDA – EU QUERO É VER O LOCO!
Local: Café Del Mar (Av. Atlântica, 1910, próximo a esquina da República do Peru)
Ingresso: R$ 50,00 por pessoa com direito a camisa-convite de recordação e uma bebida (cerveja ou refrigerante)
Vendas através do site: http://www.ingressocerto.com/lococonvida ou nos seguintes pontos de venda:
Banco de Areia - Riosul
South - Barra Shopping
South - Centro (rua do Ouvidor 164)
South – Boulevard Rio Shopping (antigo Shopping Iguatemi)

*Será cobrada uma taxa de conveniência para as compras on line.
*As vendas se encerrarão às 10h do dia 09.06 (segunda feira)
*Os convites adquiridos serão trocados pelas camisetas-convite, exclusivamente no local do evento, nos dias 09/06 (das 12h às 19h) e 10/06 (das 9h às 18h).
* Crianças acompanhadas dos responsáveis poderão permanecer no local até às 22h.

Informações: www.facebook.com\lococonvida





segunda-feira, 2 de junho de 2014

O dia em que ganhamos do melhor time do mundo - Por Daniel Accioly



Teresa Herrera. Se você não viu o que aconteceu lá, com certeza ouviu falar quase que como uma lenda.  Uma história que apenas quem tem na casa dos 30 anos ou mais viu, e que nem os registros que estão espalhados pela internet explicam direito. Ainda bem que eu vi!

Mas afinal, do que se trata tal torneio?

Teresa Herrera, ou melhor, Troféu Teresa Herrera é uma competição que apesar de não fazer parte do calendário oficial da FIFA, é considerado um dos grandes torneios de clubes do mundo em função da importância dos mesmos que o disputaram desde sua primeira edição, em 1946. Com jogos sempre  no estádio Riazor, na cidade de Coruña (Espanha), o Troféu presenciou grandes confrontos entre grandes equipes e craques mundiais, como Pelé, Garrincha, Eusébio, Cruijff, Di Stéfano, Kaká, Del Piero e... Túlio! O torneio reúne grandes equipes europeias e volta e meia alguma equipe sul-americana (geralmente brasileira) recebia a honraria de participar. Nosso glorioso clube participou duas vezes, em 1959, quando perdeu para o Santos por 4 x 1 e em 1996, que merece um detalhamento, simplesmente por termos levado a melhor em cima da melhor equipe do mundo na época.

Em 1996, o Deportivo La Coruña convidou Botafogo (Brasil), Juventus (Itália) e Ajax (Holanda) para bater uma bolinha. Com formato mata-mata, o emparelhamento colocou a equipe da casa contra o Glorioso, enquanto a Juve, que seria campeã mundial naquele ano,  teria pela frente o Ajax, campeão mundial do ano anterior. O Botafogo era o atual campeão brasileiro, mas estava passando por reestruturação depois do desmanche parcial do elenco, com as sentidas partidas de jogadores como Donizete, Beto e Sergio Manoel.

No primeiro jogo, o Glorioso venceu de virada a equipe da casa, com gols de Túlio e Bentinho.

Deportivo: Kouba, Armando (Alfredo), Bonnissel (Nando) e Naybet; Djukic (Maikel), Mauro Silva, Paco, Manjarin (Viqueira) e Madar; Martins e Beguiristáin. Técnico: John Toshack Botafogo: Wagner, Wilson Goiano, Wilson Gottardo, Grotto e Jefferson; Souza, Otacílio, Marcelo Alves (Alemão) e Bentinho (França); Sorato (Mauricinho) e Túlio (Zé Carlos). Técnico: Ricardo Barreto. Observação: Alemão foi expulso no 2º tempo. Gols: Beguiristáin (DEP), Túlio e Bentinho (BOT).

Do outro lado, a Juve triturou o Ajax por 6 a 0. No elenco da Juve, jogadores bem medianos como Zidane (que não teve o privilégio de nos enfrentar na final), Deschamps, Del Piero, Vieri e Amoruso... Na decisão, ocorreu um fato peculiar, fato esse que sinto que sou o único a lembrar com lucidez. O Botafogo não usou a camisa do La Coruña por não possuir uniforme reserva. Isso é uma versão errada que de tanto ser repetida, acabou se tornando um fato jornalistico consumado. Mas eu lembro como se fosse ontem, o senhor Leo Batista explicando, enquanto o VT mostrava o Gottardo (com quem pude confirmar o fato) gesticulando com o árbitro. O que ocorreu é que o senhor árbitro Antonio Jesús López Nieto não aceitou o uso da camisa reserva do Botafogo, argumentando que a mesma, apesar de ser a reserva, ainda sim era muito parecida com a da Juventus. E até era, considerando o padrão europeu, onde geralmente a camisa reserva não utiliza as cores tradicionais do clube (tendência que ainda engatinha no Brasil). Veja abaixo e tire suas conclusões:


E então o Botafogo trajou a camisa do La Coruña, fazendo merchand de graça para Feiraco e Umbro. Fato de tal natureza  que já aconteceu em outros momentos da história do futebol mundial (como quando a seleção da França jogou com camisas listradas em verde e branco na Copa de 78),  mas dificilmente ocorreu em uma final. Algo do gênero seria inaceitável nos dias de hoje, época na qual a disputa entre as marcas fornecedoras de material esportivo é mais acirrada do que a dos próprios clubes em campo. Mas o fato é que assim foi.

No jogo, uma partida muito disputada, onde qualquer vacilo resultava em gol. Mas tinhamos Túlio Maravilha. Após o empate de 4 x 4 , decisão por penaltis, onde brilhou a estrela do herói pouco homenageado Wagner. Melhor do que contar de forma descritiva, compartilho o video abaixo. 


Botafogo: Wagner; W. Goiano, Gottardo, Grotto, Jefferson, Souza, Otalicio, M. Alves (M. Aurelio), França (Ze Carlos), Tulio, Sorato (Mauricinho). Juventus: Peruzzi; Moreno Torricelli, Ferrara, Paolo Montero, Sergio Porrini, Deschamps, V.Jugovic, Di Livio, Amoruso, Del Piero, Vieri.
Gols: Túlio (3) e França (BOT), Vieri e Amoruso (3) (JUV).
Cobranças de Penalti: Jefferson (Não), Wilson Goiano (Gol), Wilson Gottardo (Gol) e Souza (Gol) (BOT)
Amoruso (Não), Di Livio (Não) e Jugovic (Não).

Uma história dentre tantas do nosso clube, que vai a Europa e toma o troféu da Juventus, mas perde troféu no Maraca para o Juventude...

E antes que eu me esqueça, tal história não existiria se não tivéssemos Túlio Maravilha, que fez aniversário ontem. Parabéns, eterno ídolo!