Teresa Herrera. Se você não viu o que aconteceu lá, com certeza ouviu falar quase que como uma lenda. Uma história que apenas quem tem na casa dos 30 anos ou mais viu, e que nem os registros que estão espalhados pela internet explicam direito. Ainda bem que eu vi!
Mas afinal, do que se trata tal torneio?
Teresa Herrera, ou melhor, Troféu Teresa Herrera é uma competição que apesar de não fazer parte do calendário oficial da FIFA, é considerado um dos grandes torneios de clubes do mundo em função da importância dos mesmos que o disputaram desde sua primeira edição, em 1946. Com jogos sempre no estádio Riazor, na cidade de Coruña (Espanha), o Troféu presenciou grandes confrontos entre grandes equipes e craques mundiais, como Pelé, Garrincha, Eusébio, Cruijff, Di Stéfano, Kaká, Del Piero e... Túlio! O torneio reúne grandes equipes europeias e volta e meia alguma equipe sul-americana (geralmente brasileira) recebia a honraria de participar. Nosso glorioso clube participou duas vezes, em 1959, quando perdeu para o Santos por 4 x 1 e em 1996, que merece um detalhamento, simplesmente por termos levado a melhor em cima da melhor equipe do mundo na época.
Em 1996, o Deportivo La Coruña convidou Botafogo (Brasil), Juventus (Itália) e Ajax (Holanda) para bater uma bolinha. Com formato mata-mata, o emparelhamento colocou a equipe da casa contra o Glorioso, enquanto a Juve, que seria campeã mundial naquele ano, teria pela frente o Ajax, campeão mundial do ano anterior. O Botafogo era o atual campeão brasileiro, mas estava passando por reestruturação depois do desmanche parcial do elenco, com as sentidas partidas de jogadores como Donizete, Beto e Sergio Manoel.
No primeiro jogo, o Glorioso venceu de virada a equipe da casa, com gols de Túlio e Bentinho.
Deportivo: Kouba, Armando (Alfredo), Bonnissel (Nando) e Naybet; Djukic (Maikel), Mauro Silva, Paco, Manjarin (Viqueira) e Madar; Martins e Beguiristáin. Técnico: John Toshack Botafogo: Wagner, Wilson Goiano, Wilson Gottardo, Grotto e Jefferson; Souza, Otacílio, Marcelo Alves (Alemão) e Bentinho (França); Sorato (Mauricinho) e Túlio (Zé Carlos). Técnico: Ricardo Barreto. Observação: Alemão foi expulso no 2º tempo. Gols: Beguiristáin (DEP), Túlio e Bentinho (BOT).
Do outro lado, a Juve triturou o Ajax por 6 a 0. No elenco da Juve, jogadores bem medianos como Zidane (que não teve o privilégio de nos enfrentar na final), Deschamps, Del Piero, Vieri e Amoruso... Na decisão, ocorreu um fato peculiar, fato esse que sinto que sou o único a lembrar com lucidez. O Botafogo não usou a camisa do La Coruña por não possuir uniforme reserva. Isso é uma versão errada que de tanto ser repetida, acabou se tornando um fato jornalistico consumado. Mas eu lembro como se fosse ontem, o senhor Leo Batista explicando, enquanto o VT mostrava o Gottardo (com quem pude confirmar o fato) gesticulando com o árbitro. O que ocorreu é que o senhor árbitro Antonio Jesús López Nieto não aceitou o uso da camisa reserva do Botafogo, argumentando que a mesma, apesar de ser a reserva, ainda sim era muito parecida com a da Juventus. E até era, considerando o padrão europeu, onde geralmente a camisa reserva não utiliza as cores tradicionais do clube (tendência que ainda engatinha no Brasil). Veja abaixo e tire suas conclusões:
E então o Botafogo trajou a camisa do La Coruña, fazendo merchand de graça para Feiraco e Umbro. Fato de tal natureza que já aconteceu em outros momentos da história do futebol mundial (como quando a seleção da França jogou com camisas listradas em verde e branco na Copa de 78), mas dificilmente ocorreu em uma final. Algo do gênero seria inaceitável nos dias de hoje, época na qual a disputa entre as marcas fornecedoras de material esportivo é mais acirrada do que a dos próprios clubes em campo. Mas o fato é que assim foi.
No jogo, uma partida muito disputada, onde qualquer vacilo resultava em gol. Mas tinhamos Túlio Maravilha. Após o empate de 4 x 4 , decisão por penaltis, onde brilhou a estrela do herói pouco homenageado Wagner. Melhor do que contar de forma descritiva, compartilho o video abaixo.
Botafogo: Wagner; W. Goiano, Gottardo, Grotto, Jefferson, Souza, Otalicio, M. Alves (M. Aurelio), França (Ze Carlos), Tulio, Sorato (Mauricinho). Juventus: Peruzzi; Moreno Torricelli, Ferrara, Paolo Montero, Sergio Porrini, Deschamps, V.Jugovic, Di Livio, Amoruso, Del Piero, Vieri.
Gols: Túlio (3) e França (BOT), Vieri e Amoruso (3) (JUV).
Cobranças de Penalti: Jefferson (Não), Wilson Goiano (Gol), Wilson Gottardo (Gol) e Souza (Gol) (BOT)
Amoruso (Não), Di Livio (Não) e Jugovic (Não).
Uma história dentre tantas do nosso clube, que vai a Europa e toma o troféu da Juventus, mas perde troféu no Maraca para o Juventude...
E antes que eu me esqueça, tal história não existiria se não tivéssemos Túlio Maravilha, que fez aniversário ontem. Parabéns, eterno ídolo!
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