segunda-feira, 2 de junho de 2014

O dia em que ganhamos do melhor time do mundo - Por Daniel Accioly



Teresa Herrera. Se você não viu o que aconteceu lá, com certeza ouviu falar quase que como uma lenda.  Uma história que apenas quem tem na casa dos 30 anos ou mais viu, e que nem os registros que estão espalhados pela internet explicam direito. Ainda bem que eu vi!

Mas afinal, do que se trata tal torneio?

Teresa Herrera, ou melhor, Troféu Teresa Herrera é uma competição que apesar de não fazer parte do calendário oficial da FIFA, é considerado um dos grandes torneios de clubes do mundo em função da importância dos mesmos que o disputaram desde sua primeira edição, em 1946. Com jogos sempre  no estádio Riazor, na cidade de Coruña (Espanha), o Troféu presenciou grandes confrontos entre grandes equipes e craques mundiais, como Pelé, Garrincha, Eusébio, Cruijff, Di Stéfano, Kaká, Del Piero e... Túlio! O torneio reúne grandes equipes europeias e volta e meia alguma equipe sul-americana (geralmente brasileira) recebia a honraria de participar. Nosso glorioso clube participou duas vezes, em 1959, quando perdeu para o Santos por 4 x 1 e em 1996, que merece um detalhamento, simplesmente por termos levado a melhor em cima da melhor equipe do mundo na época.

Em 1996, o Deportivo La Coruña convidou Botafogo (Brasil), Juventus (Itália) e Ajax (Holanda) para bater uma bolinha. Com formato mata-mata, o emparelhamento colocou a equipe da casa contra o Glorioso, enquanto a Juve, que seria campeã mundial naquele ano,  teria pela frente o Ajax, campeão mundial do ano anterior. O Botafogo era o atual campeão brasileiro, mas estava passando por reestruturação depois do desmanche parcial do elenco, com as sentidas partidas de jogadores como Donizete, Beto e Sergio Manoel.

No primeiro jogo, o Glorioso venceu de virada a equipe da casa, com gols de Túlio e Bentinho.

Deportivo: Kouba, Armando (Alfredo), Bonnissel (Nando) e Naybet; Djukic (Maikel), Mauro Silva, Paco, Manjarin (Viqueira) e Madar; Martins e Beguiristáin. Técnico: John Toshack Botafogo: Wagner, Wilson Goiano, Wilson Gottardo, Grotto e Jefferson; Souza, Otacílio, Marcelo Alves (Alemão) e Bentinho (França); Sorato (Mauricinho) e Túlio (Zé Carlos). Técnico: Ricardo Barreto. Observação: Alemão foi expulso no 2º tempo. Gols: Beguiristáin (DEP), Túlio e Bentinho (BOT).

Do outro lado, a Juve triturou o Ajax por 6 a 0. No elenco da Juve, jogadores bem medianos como Zidane (que não teve o privilégio de nos enfrentar na final), Deschamps, Del Piero, Vieri e Amoruso... Na decisão, ocorreu um fato peculiar, fato esse que sinto que sou o único a lembrar com lucidez. O Botafogo não usou a camisa do La Coruña por não possuir uniforme reserva. Isso é uma versão errada que de tanto ser repetida, acabou se tornando um fato jornalistico consumado. Mas eu lembro como se fosse ontem, o senhor Leo Batista explicando, enquanto o VT mostrava o Gottardo (com quem pude confirmar o fato) gesticulando com o árbitro. O que ocorreu é que o senhor árbitro Antonio Jesús López Nieto não aceitou o uso da camisa reserva do Botafogo, argumentando que a mesma, apesar de ser a reserva, ainda sim era muito parecida com a da Juventus. E até era, considerando o padrão europeu, onde geralmente a camisa reserva não utiliza as cores tradicionais do clube (tendência que ainda engatinha no Brasil). Veja abaixo e tire suas conclusões:


E então o Botafogo trajou a camisa do La Coruña, fazendo merchand de graça para Feiraco e Umbro. Fato de tal natureza  que já aconteceu em outros momentos da história do futebol mundial (como quando a seleção da França jogou com camisas listradas em verde e branco na Copa de 78),  mas dificilmente ocorreu em uma final. Algo do gênero seria inaceitável nos dias de hoje, época na qual a disputa entre as marcas fornecedoras de material esportivo é mais acirrada do que a dos próprios clubes em campo. Mas o fato é que assim foi.

No jogo, uma partida muito disputada, onde qualquer vacilo resultava em gol. Mas tinhamos Túlio Maravilha. Após o empate de 4 x 4 , decisão por penaltis, onde brilhou a estrela do herói pouco homenageado Wagner. Melhor do que contar de forma descritiva, compartilho o video abaixo. 


Botafogo: Wagner; W. Goiano, Gottardo, Grotto, Jefferson, Souza, Otalicio, M. Alves (M. Aurelio), França (Ze Carlos), Tulio, Sorato (Mauricinho). Juventus: Peruzzi; Moreno Torricelli, Ferrara, Paolo Montero, Sergio Porrini, Deschamps, V.Jugovic, Di Livio, Amoruso, Del Piero, Vieri.
Gols: Túlio (3) e França (BOT), Vieri e Amoruso (3) (JUV).
Cobranças de Penalti: Jefferson (Não), Wilson Goiano (Gol), Wilson Gottardo (Gol) e Souza (Gol) (BOT)
Amoruso (Não), Di Livio (Não) e Jugovic (Não).

Uma história dentre tantas do nosso clube, que vai a Europa e toma o troféu da Juventus, mas perde troféu no Maraca para o Juventude...

E antes que eu me esqueça, tal história não existiria se não tivéssemos Túlio Maravilha, que fez aniversário ontem. Parabéns, eterno ídolo!

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Silêncio no Engenho de Dentro - Por Daniel Accioly



Ele já foi motivo de orgulho, já foi questionado em função da baixa frequência dos torcedores  (de todos os clubes que o utilizaram, vale ressaltar) e hoje está esquecido no bairro do Engenho de Dentro, ofuscado pela euforia da Copa e do Maracanã reluzente. Não se fala mais na imprensa sobre o Engenhão, tampouco a diretoria se prontifica a se posicionar sobre a situação de momento. Quando pouco se fala, é sobre a utilização da estrutura externa como espaço de treinamento para as equipes do mundial. O tema interdição, um dos maiores trambiques desportivos dos últimos 20 anos, prossegue em segundo plano enquanto inacabados estádios da Copa são inaugurados.

Apesar da divergência entre os laudos da empresa alemã SBP e o da canadense RWDI, as fotos dos pontos da estrutura apontados como mais críticos são incontestáveis. Contestável é a interdição do estádio no mesmo momento da reinauguração do Maracanã, além da  neutralidade do presidente em relação ao tema. Assumpção, filiado ao PMDB, aparenta aspirações políticas e por isso foge do tema como o diabo da cruz. Enquanto isso, o clube passou de único a conseguir manter as contas em dia para o dramático cenário atual de atraso de salários. A prefeitura suspendeu a concessão ao clube e está arcando com a reforma, mas o dinheiro perdido dos espaços publicitários, renda de jogos e do lendário naming rights jamais será recuperado. 

A previsão mais otimista considera a resolução total para novembro desse ano. A mais pessimista, aponta para o ano de 2015. Mas qual seria o espanto se não víssemos a obra finalizada antes dos Jogos Olímpicos? Quem passa pelo bairro com frequência sabe que obra mesmo, só de uns meses para cá. Sabemos que se a concessão do Engenhão tivesse sido concedida à outro clube da cidade, aquele que faz a imprensa sorrir, até o Hulk seria providenciado para segurar as estruturas em risco. Por isso alvinegro, não se esqueça do Engenhão.






sexta-feira, 23 de maio de 2014

O Botafogo e o "resgate dos valores" - por Daniel Accioly



Primeiramente, gostaria de agradecer ao João Ferreira a oportunidade de poder escrever sobre uma de minhas paixões. Paixão que me maltrata, mas que não expira.

Recentemente, o jogador Emerson Sheik deu uma declaração na qual ele fala da necessidade do clube de "resgatar valores". Fiquei com isso desde então na cabeça. Fiquei imaginando no que um atleta que se apresenta para jogar no glorioso pensa sobre vestir essa camisa. Qual o valor agregado para carreira de um jogador passar por General Severiano? "Até que enfim cheguei a um clube grande!", pensaria a maioria? "Agora, outros clubes poderão me ver e daqui a pouco, pego a ponte aérea!", seria recorrente na mente da turma? Ou ainda "Pior que tá não fica!"?

Dos 12 clubes considerados grandes no futebol brasileiro, o Botafogo é o que possui maior jejum de títulos representativos. Nosso último título fora dos limites do estado foi o Rio-São Paulo de 1998. A final do brasileiro de 1992 talvez tenha sido o último momento no qual o clube foi considerado de forma incontestável  favorito em uma final (sem considerar os cariocas e suas nebulosas circunstâncias). Digo isso, considerando uma final perante uma equipe grande, pois em 1999, ser favorito não chegava a ser um grande mérito (talvez tenha até atrapalhado). Onde o clube perdeu o fio da meada?

Tive o grande privilégio de certa vez bater um longo papo com Wilson Gottardo. Ávido por curiosidades de 95, perguntei sobre como a equipe se preparou e qual foi o diferencial daquela conquista. Dentre tantas curiosidades e momentos de tensão que ele relatou (como por exemplo a garfada contra o Palmeiras), Gottardo disse que o diferencial daquela equipe era que já era sabido que eles sairiam de campo com a vitória, mesmo antes do juiz iniciar a partida. E não por uma questão de menosprezo pelo adversário, mas por uma questão de completo comprometimento, não com o Botafogo apenas, mas sobretudo com suas carreiras. Com essa mentalidade, o time trilhou o campeonato, sendo campeão com 14 vitórias, 9 empates e 4 derrotas. Gottardo revelou ainda que o grupo, mesmo sem saber como ficaria para 96, tinha um pacto para vencer a Libertadores. Mas o desmanche do time e a pancadaria no Sul impediram o feito. Ah, e isso tudo com meses de salários atrasados e estrutura demasiadamente precária. Hoje, o Botafogo tem um estádio (do qual todos estamos saudosos), estrutura de treinamento compatível com o padrão nacional, além de departamento médico considerado um dos melhores do país. Então porque brigar para não cair já nos parece um destino consolidado?

Sheik é um jogador nos moldes dos anos 90. Com excelência técnica incontestável na mesma proporção das polêmicas associadas à sua imagem. Mas é inegável que ele foi sóbrio nesse comentário e tocou num ponto onde o Botafogo empobreceu, se apequenou. No ano de 2013, Seedorf parece ter tentado algo parecido com o resgate que precisamos, mas talvez por ser pragmático além do que o boleiro brasileiro suporta, tenha sofrido resistência determinante. 2014 calou àqueles que insistiam em vender a ideia de que nossa torcida é frágil e ausente. Essa mesma torcida sabe que daqui em diante, estaremos na berlinda até a última rodada e que qualquer plano do tamanho do Botafogo será só para o ano que vem. Que chegue então o ano que vem, quem sabe com algum valor resgatado. E que sobre 2014 eu queime a língua!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

"De onde menos se espera, dali é que não sai nada mesmo'' - Uma diretoria vergonhosa e o reflexo de tudo isso. - por João C S Ferreira

Eu pensei que morreria antes de ver qualquer declaração, de diretores e jogadores do Botafogo, criticando a torcida. Mas em 2013 vi e li isso diversas vezes.
A covardia de tornar o torcedor em bode expiatório é tamanha, tão injusta, que, somente por este fato, estes dirigentes e jogadores não deveriam pisar mais em General Severiano.
Deveriam dar graças a Deus por ainda haver uma torcida que acredita, respeita a instituição,viaja pelo Brasil para ver o time de perto, discute entre si, briga, argumenta, que vive o preto e branco depois de sucessivos anos de humilhação diante de adversários, mídia, e tudo mais.
Eu não conheço outro tipo de torcedor que conseguiria passar pela sequência de absurdos que o botafoguense vem passando, principalmente de 2007 até agora. Mas podemos ir até a famigerada final da Copa do Brasil de 99, aonde, mais uma vez, desonraram nossa grandeza, e foram incapazes de fazer um gol no Juventude! A culpa foi da torcida? Também no ano de 2007, contra o São Paulo, no Maracanã,mesmo perdendo de 2x0, se ouvia "E ninguém cala..." das arquibancadas a plenos pulmões a culpa foi da torcida? Os exemplos podem passar por Avaí, Portuguesa e outros no Engenhão lotado.

E mesmo com esta sequência cruel de anos de sofrimento, todo jogo do Botafogo é uma manifestação do fanatismo de seu torcedor, do quão alto ele pode gritar, 5.000 alvinegros calam 50.000 adversários sempre.
E não espero esta consciência dos jogadores, funcionários extremamente bem pagos, sobre esta história e nosso comportamento fiel. Agora, da diretoria, em tese nossos representantes, eu não só espero como exijo! É um ultraje o presidente jogar o peso do gramado para os cimentos da arquibancada.
É um mandatário limitado, que caiu de paraquedas em General Severiano, não possui a grandeza que o Botafogo necessita por natureza. Ele poderia ter essa auto-avaliação, mas, não, ele opta pela arrogância, pelo chopp no Baixo Gávea com ar de sábio após conquistas de campeonatos estaduais! Achando que cumpriu seu papel. Ele ergue a taça no Engenhão, em 2012, salvo engano, à frente dos jogadores, numa clara demonstração de vaidade exacerbada, ego inflado. E quando o Botafogo perde? Aonde ele está? E quando o maior ídolo desta instituição falece e o mesmo não volta para o Brasil?

Numa semana em que perdemos nossa Enciclopédia, ficando mais pobres em vocabulário, em gentileza, em sabedoria, em futebol e amor pelo Glorioso, o maior rival, que nos humilhou nas quartas de final, é campeão (Neste mesmo jogo, em que perdemos de 4x0, nosso presidente entrou no vestiário e deu parabéns à equipe! Ele esquece que é um representante de milhões de alvinegros. Ele se perguntou se estes milhões de torcedores dariam congratulações após aquele vexame?), nesta mesma semana infeliz, o time vai jogar contra o Coritiba, potencial rebaixado, precisando ganhar, e se arrasta em campo, parecendo soldados após um dia extenuante de batalha. Uma vergonha! Mais uma!
Mas para eles isso não basta, precisamos ouvir do zagueiro que ''conta com a torcida'' e por aí vai.
Vão à merda! Jogadores e dirigentes.

Este campeonato brasileiro está tão medíocre, que mesmo tropeçando há um bom tempo, ainda temos chances de nos classificarmos para a Libertadores - o que nos traz alegria e dinheiro, mas não um título. - e bastava uma vitória e um empate, em qualquer época do Brasileirão, para já estarmos satisfeitos com a vaga. Mas deixamos a vaga no ar, nos equiparando a Goiás e Atlético-PR!?
Como os cartolas alvinegros e jogadores gostam de culpar a torcida, e apontar o dedo no rosto de cada um, eu pergunto a eles:
Vocês tem memória? Façam uma conta simples: Lembrem de jogos que tomamos gols inadmissíveis aos 49'' do 2o tempo - uns 9 pontos... - lembrem de Bahia e Ponte Preta - 6 pontos - lembrem do Goiás - 3 pontos - e por aí vai numa pequena passagem de absurdos que vocês, dentro de campo, com ou sem torcida, dentro ou fora do Rio, protagonizaram!!! Vocês. Olhem pro espelho, tenham vergonha na cara, sejam homens o suficiente para se culparem, pensarem além do dinheiro, da noite, da farra, do ego, da vaidade e terem consciência de que este ano, como inúmeros, corremos o risco de ir para o ralo por falta de competência. Em bom português, por falta de vergonha na cara.

Até domingo, aonde estarei na arquibancada fazendo meu papel, sem o poder de botar a bola pra dentro do gol, e vocês estarão no gramado, vestindo a camisa sagrada do Botafogo, o sonho de muita gente que o faria de graça. Garantam essa classificação e, mesmo conseguindo, peçam desculpas à torcida. Porque não era necessário todo esse sofrimento por uma vaga na Libertadores. Não neste campeonato, não nestas circunstâncias.

Uma dia o Botafogo voltará à sua grandeza de origem.
por João Cunha Soares Ferreira

Um p.s.: Talvez a mais bela entrevista de Nilton: https://www.youtube.com/watch?v=9Ll7zIMd_HY



quinta-feira, 14 de novembro de 2013

"O paraíso dos achocratas" - retirado de outro blog - Visão genial sobre o Botafogo e sua torcida. - por João Ferreira

Texto original do blog: http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/coluna-dois/post/paraisodosachocratas.html - clique no link à esquerda para ler a íntegra.

Copio abaixo a parte sobre o Botafogo.


VERDADE UNIVERSAL SEGUNDAA torcida do Botafogo não comparece e por isso o time não consegue bons resultados

Poucas vezes uma torcida foi tão criticada – e vilanizada – de forma tão absurda e injusta como a torcida do Botafogo vem sendo. O massacre dos achocratas foi tamanho que os torcedores partiram para a ironia em fórums e redes sociais. Depois da derrota para o Inter, no último domingo, um site torcedor publicou a manchete: “Torcida joga mal e Botafogo perde para o Inter”.

Dez mil alvinegros foram ver o Botafogo empatar contra a Portuguesa no Maracanã – e ver, pela quarta vez em cinco anos, o “projeto” Libertadores do time bastante ameaçado. Levando em conta que a torcida do Botafogo é ao menos quatro vezes menor do que do Flamengo no Rio, por exemplo, a aritmética sugere que esses 10 mil equivaleriam a 40 mil rubro-negros – média de público do time campeão brasileiro em 2009.  Seria tão pouco assim?
Torcida Botafogo contra a Portuguesa
 




Essa “verdade” não virou universal de graça. Ela começou com a chegada do Engenhão – um estádio ruim de entrar e sair – em que a média de todas as torcidas despencou. Mas como o estádio é do Botafogo – a pecha grudou no clube - apesar da torcida ter lotado o estádio várias vezes desde 2007. Isso com com três esparsos títulos estaduais no milênio. Com a premissa na mesa, os achocratas se esbaldam. Qualquer jogo que a torcida não encha vira um prato cheio.

Parte da lenda foi comprada em parte até por Seedorf e pelo presidente do clube (que disse que iria buscar uma agência de publicidade para entender seu torcedor). O craque holandês criticou a presença das torcidas nos estádios brasileiros em geral – mas comentou que a torcida do Cruzeiro fez diferença no Brasileiro – numa alfinetada leve nos alvinegros.

Nesse particular caso, Seedorf não viu uma data.  Na 17a rodada, o Botafogo, que vinha de uma derrota para o Atlético-PR, recebeu o São Paulo no Maracanã. O alvinegro estava dois pontos atrás do líder Cruzeiro na tabela (31 a 29) – e ainda assim teve público de 28.581 pessoas (o jogo foi às 16h). O Cruzeiro, no mesmo dia, vindo de vitória fora de casa contra a Ponte Preta, teve um público de 18.608 pessoas no Mineirão (o jogo foi às 18h30m).O Botafogo empatou com o São Paulo (0 a 0). O Cruzeiro venceu o Vasco (5 a 3) e abriu quatro pontos. 

A partir daí, o time mineiro arrancou para o título – e passou a ter média de público acima de 30 mil pessoas (no campeonato ficou com média de 28,5 mil – a maior de um campeão até hoje). E o Botafogo tentou acompanhar - mas depois perdeu para o futuro campeão - e ainda assim ainda levou 25 mil pessoas na derrota para o Bahia. A média do clube no Maracanã em 2013 está acima de 15 mil presentes.

É pouco? Bom – você ouviu alguém criticar a torcida do Fluminense em 2012? Os tricolores fizeram 13 jogos no Engenhão - e só tiveram três públicos acima de 20 mil presentes. No primeiro turno, só ficou acima de 10 mil presentes duas vezes (contra o Santos e no clássico contra o Flamengo). A média do clube no estádio ficou em 15,3 mil presentes. Você ouviu algum opinoteca achando algo sobre isso? Não?  É porque a torcida tricolor se livrou dessa pecha. 

O achocrata se alimenta de repercussão e tem certa alergia à informação. Ele não quer ter trabalho, levantar números, checar, comprovar, avaliar. É mais fácil pegar algo que “vai dar assunto”, lustrar, passar um verniz e lançar no ar – como se propagando um minuto de sabedoria. O importante é aparecer e ecoar – mesmo que seja falando uma asneira siderúrgica. Se agradar um grupinho, soar bacana e receberretweets e compartilhamentos... - oba, valeu.

(P.S. O twitter, aliás, produziu uma preciosa excrescência: o a tercerização do auto-elogio. O sujeito te elogia e você retuita isso. Muita humildade)

Na melhor fase do time, no início do campeonato, o Botafogo quase não atuou no Maracanã. Ou seja - entrou no estádio depois que perdeu boa parte do time – em especial Vitinho (que fez apenas duas partidas no estádio pelo certame) – e começou a despencar na tabela. No segundo turno, o clube fez 18 pontos em 15 jogos – campanha de time rebaixável. Em suma, pela quarta vez em cinco anos o time prometeu mais do que cumpriu num Brasileiro – fazendo uma campanha que começou boa e caiu na reta final. E a culpa, segundo os  deformadores de opinião, é da torcida. Quando a torcida pôs 28 mil contra 18 mil do Cruzeiro, os achocratas não viram - porque isso e desmente o clichê e vai contra a maré.

Vai contra a maré, por exemplo, analisar o impacto do preço dos ingressos. O ticket médio pago pelo torcedor do Botafogo foi de R$ 44,15 - o quarto maior do Brasileiro – abaixo apenas de Cruzeiro (que aumentou preços na reta final), Santos e Flamengo. E o Santos e Flamengo tem médias distorcidas pelo alto preço dos ingressos cobrados quando jogaram como mandantes em Brasília. Compare-se com o São Paulo - que encheu o Morumbi na base das promoções - e só ganha em ticket médio da Ponte Preta (13,54 contra 8,71).

Ou seja - em alguns momentos - talvez compreensivelmente - a diretoria do Botafogo optou por receita. Será que ela estava errada? Vejam o exemplo: a renda do Botafogo 0  x 0 São Paulo ali em cima mencionado (na 17a rodada) – com 23 mil pagantes – foi de R$ 1 milhão. O Botafogo levou para casa R$ 490 mil. O ingresso custava R$ 60 (ou R$ 30 para meia-entrada) e teve 5 mil gratuidades. A renda de Vasco 0 x 0 Santos da 32a rodada (com 50 mil pagantes) foi de R$ 767 mil. O Vasco levou para casa R$ 76 mil. O jogo teve 11 mil gratuidades. Você não leu errado:
- O Vasco com 50 mil pagantes embolsou R$ 76 mil.
- O Botafogo com 23 mil pagantes embolsou R$ 490 mil.

Com o segundo turno tétrico, a diretoria alvinegra enfim baixou a guarda e reduziu os ingressos para os jogos contra Portuguesa e Atlético-PR. ''


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Apresentação do Blog e Reta Final de mais um Brasileiro - por João Ferreira

Início este blog na companhia de Catraca, Pian, Fumaça, Créu e Zinho. Apelidos de Fernando, Rodrigo, Gabriel Andrade, Antonio e Gabriel Medeiros, respectivamente. Companheiros de estádio, alegrias e tristezas desde 2007, o ano alvinegro mais traumático dos últimos tempos. Mas isso é assunto pra outro post.
Todos nós alvinegros fanáticos, frequentadores assíduos dos jogos do Glorioso, seja no Engenhão, no Maraca, em Xerém pelos juniores e por aí vai, abrimos este espaço para textos variados sobre nossas visões, sentimentos, opiniões e tudo que cerca o Botafogo. Aqui não há uma corrente política pré-determinada, não há opinião combinada, não haverá regras. Cada um falará o que bem entender sobre o Botafogo de Futebol e Regatas, do jeito que quiser. 


Em 1994, quando me mudei do interior de Minas para o Rio, meu pai - cruzeirense e vascaíno na época - me perguntou por qual time eu torceria no Rio e eu não tive dúvidas. Lembrei dos filmes do Canal 100 que via em Araxá com o Garrincha entortando tudo o que via pela frente, aquele escudo majestoso com a estrela solitária que jamais havia saído de minha cabeça, tudo que meus amigos Gabriel e Lucas - mineiros botafoguenses - me falaram sobre o Botafogo também, e falei com a maior convicção e consciência que um moleque de 7 anos poderia falar: Serei Botafoguense. No ano seguinte fomos campeões brasileiros. Túlio Maravilha era um deus vivo para mim. Tempos depois viríamos a ganhar do Juventus pela Teresa Herrera, usando a camisa do La Coruña.(vale o adendo de que no meio do jogo faltou luz aqui no Rio, tornando tudo ainda mais sofrido).
Eu tinha começado a vida alvinegra achando que seria fácil, não preciso dizer que não levou muito tempo até descobrir o contrário...E também reafirmar minha sábia decisão. Não há nada mais único do que ser, estar, sentir o preto e branco pulsando em suas veias. Se sentir, ultimamente, como um dos 300 de Esparta ao ir no Maracanã contra a Mulambada e perceber que 5 mil dos nossos cantam mais alto do que os 50 mil do rival da Gávea. Ver a entrega de cada torcedor fanático do Botafogo é uma honra, e como disse Nelson Rodrigues:  ''Todos os torcedores de futebol se parecem entre si como soldadinhos de chumbo. Têm o mesmo comportamento e xingam, com a mesma exuberância e os mesmos nomes feios, o juiz, os bandeirinhas, os adversários e os jogadores do próprio time. Há, porém, um torcedor, entre tantos, entre todos, que não se parece com ninguém e que apresenta uma forte, crespa e irresistível personalidade. Ponham uma barba postiça num torcedor do Botafogo, dêem-lhe óculos escuros, raspem-lhe as impressões digitais e, ainda assim, ele será inconfundível...'' 

Chegamos atualmente num clássico momento do Botafogo, campeões cariocas absolutos de 2013, com Seedorf se destacando, e entramos no Brasileiro sem grandes pretensões internas - a FlaPress, como sempre, já nos colocava como ''disputando o meio da tabela'' - e desde o início estamos no G4, brigando durante um bom tempo pela liderança com o Cruzeiro - na minha opinião pessoal o Botafogo perdeu o campeonato para si mesmo, não neste jogo, mas nos dois que vieram a seguir: Bahia e Ponte Preta - e agora estamos em 4o lugar, com o Goiás na cola e a Raposa como campeã virtual, e temos ainda a possibilidade do ganhador da Sul-Americana ser brasileiro, tornando o G4 em G3, e a piada interna é que não haveria nada mais com a cara do Botafogo do que terminar este campeonato em 4o lugar e o São Paulo sagrar-se campeão da Sula. 
Eu prefiro pensar de outro modo. Eu tenho que pensar racionalmente que os jogadores, a comissão técnica e a diretoria terão vergonha na cara, para terminarem este campeonato num honroso segundo lugar, buscando, ano que vem, o que o Atlético fez: o título da Libertadores. Seria sofrido, como sempre, mas não importa.

Em breve jogarão Flamengo e Goiás, e tenho que torcer contra o Esmeraldino, jamais a favor do rival, que tem a tradição de abrir as pernas pros adversários em ocasiões como essa. 
Faltam poucas rodadas para que 2013 seja o ano da virada no Botafogo, apagando a sina maldita de 2007 - aqui faço minhas homenagens ao Djalma Beltrami, a p#%a da Ana Paula bandeirinha, à FlaPress, CBF, STJD e FERJ por aquele ano maravilhoso. E ao Dodô, que teve ''dor de barriga'' contra o River na Argentina - e colocando nosso Glorioso onde ele merece: No topo do futebol brasileiro. O time que deu 3 taças do mundo para o país, não pode se contentar com Cariocas, não pode tratar rivais como ''co-irmãos'', não pode deixar o Engenhão ser lhe tirado e ficar em silêncio inexplicável, não pode deixar a Brahma pintar as cadeiras com vermelho e branco, aqui é PRETO E BRANCO diretoria!, não pode respeitar a imprensa rubro-negra até à alma, (A personificação desta FlaPress é o repórter de campo Erick Faria, que se emociona ao transmitir jogos da mulambada), não pode, de jeito algum, fazer o que fizeram ultimamente de jogar alguma parcela de culpa para a torcida! Um dos maiores absurdos que já vi é tornar a torcida em bode expiatório pelos fracassos e vexames de 11 jogadores extremamente bem pagos, e um treinador ainda melhor remunerado. Estes cidadãos são funcionários da torcida, o presidente idem. Quem são eles para cobrar de um torcedor alvinegro alguma coisa? Nada. Eles tem que agradecer, diariamente, por existirem alvinegros fanáticos que sustentam o Botafogo. Com a alma, a presença, o dinheiro do sócio e com os gritos da arquibancada. Que a torcida deveria ir muito mais, não há dúvidas. Mas esta cobrança se dá de forma interna pela própria torcida. Façam um favor e calem-se! 
Conquistem esta vaga na Libertadores, é o que vocês são pagos para fazer. É para isso que se deu todo o apoio de todo alvinegro esse ano. É o que todos nós vamos cobrar no fim da temporada. 

LIBERTADORES É OBRIGAÇÃO!




João, Antonio, Gabriel de Andrade e Fernando.
(Orelha, Créu, Fumaça e Catraca)