quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Ser Atlético um dia - Por Daniel Accioly



Já passava da meia-noite. Estava eu e minha irmã na Tijuca comendo um cachorro quente na rua. Um dia no qual futebol era longe de ser algo de minha pauta. Afinal, mesmo que fosse pra secar, parecia inglório. Mas a cena de um mar de flamenguistas cabisbaixos, sem entoar nenhuma música. Um silêncio sepulcral que me chamou atenção. Chegando em casa, fiquei em fim sabendo que ocorreu mais um milagre promovido pelo Atlético Mineiro. Eu riria em outros tempos se ouvisse falar algo similar, pois o time de minas era o meu álibi.
Sei que o Brasil possui 12 clubes considerados grandes. Quando nesses quase 30 anos de Botafogo a situação do clube me fazia sentir o fundo do poço,  lembrava que o clube mineiro passava por um calvário maior. Afinal, o título nacional mais representativo era de 71 e o acúmulo de insucessos e garfadas fazia lembrar o nosso clube, mas em uma escala maior. Não importava se estatisticamente o CAM possuía mais torcida. Me sentia sim no direito de rir de um clube que naufragava em todos os nacionais e que tinha que aturar o seu maior rival como multicampeáo nacional e internacional. Esse tempo acabou.

O exemplo do Atlético é para copiar sem medo de parecer pequeno. Um clube que caiu pra segunda divisão e agora é sinônimo de causas impossíveis. Tais causas tem ligação com a torcida, mas a torcida só se conectou quando viu a diretoria se coçar. Kalil é uma figura folclórica, mas não mediu esforços nesses anos para tentar trazer o melhor para o Atlético, como o goleiro Victor, que ele tirou do Grêmio sem querer saber se Grêmio é grande ou não. Assim como Ronaldinho, que ele teve coragem pra trazer e pra mandar embora, quando o jogador se ambientou além da conta às regalias do clube. Claro que Kalil é apontado como quem tem o mérito, assim como já fizemos com o senhor Assumpção. O que deixamos pra depois em nosso clube foi o que o CAM não deixou em investimento em estrutura. Com um dos Cts mais modernos do país (e quem sabe do continente), o clube trabalha com eficácia e tranquilidade. Ainda parece irreal imaginar o time de minas campeão brasileiro por uma questão de estigma. Mas você que está lendo viu junto comigo o Fluminense ir para a série C e de repente virar um forte candidato todo ano (por motivos diferentes do clube mineiro, e em resultado que imagino ser finito).  O texto de hoje não precisa ser muito embasado com estatísticas, pois os fatos trazem um simples e único sentimento: Queria ser Atlético um dia.

E sobre nossa atual situação, acho que é redundante falar. O melhor cenário ainda sim é humilhante.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O Botafogo precisa cair - Por Daniel Accioly



Sim, o título é auto-explicativo. E por mais absurdo que pareça compartilhar tal visão com os irmãos alvinegros, escrevo com paixão e argumentos. Diante da lastimável situação na qual nos encontramos, e considerando as alternativas que temos em mãos, acho que não teremos desfibrilador mais eficaz.
            Estamos passando por uma situação que não é nova, e o pior, já nos acostumamos. Antes dos pontos corridos nos anos 90, diversas fórmulas foram experimentadas, desde grupos com repescagem até um turno único com playoffs, e tais formatos não denunciavam a fragilidade de nosso clube, primeiro pelo fato de termos chegado a duas finais em uma década em função de gerações memoráveis, segundo pelo fato de tais formatos sempre privilegiarem os times maiores, fazendo com que pequenas potências fossem condenadas desde o início do torneio. Se por um lado foi possível ver Bragantino e União São João durarem bons anos na elite, foi quase que um sopro a passagem de times como Ferroviário, Desportiva e Ceará. Quando o Botafogo não brigou pelos títulos (leia-se 1992, 1994 e 1995), não corria riscos severos, pois havia meios de se segurar no corrimão. Porém, veio o milênio da verdade.
            Após a adoção dos pontos corridos por uma questão de padronização com o formato internacional estabelecido pela FIFA, o Botafogo se apequenou e as verdades vieram a tona. O que aconteceu e, 2013 foi o que aconteceu com o Bragantino nos anos 90. A tônica das ultimas duas décadas é fechar o campeonato em décimo e planejar o ano seguinte, ou suar sangue na última rodada, “imortalizar” Shwenck e declarar Sandro como o herói da resistência. A diretoria se acostumou com isso, o torcedor idem e o atleta que chega vai aspirar pelo que? “Cheguei no Botafogo, boa vitrine. O foco é conseguir uma trasnferência para o São Paulo ou a Ásia antes de ir junto pra vala.”. 
            É duríssimo dizer isso. Algumas equipes cresceram com o rebaixamento, como Atlético-MG e Corinthians, outras ainda não aprenderam muito e correm o risco de estarem se acostumando a cair, como Vasco e Palmeiras. Só que essas duas podem usar a Taça Libertadores para apoiar os braços enquanto choram.
            Não me condenem. Vou completar no próximo ano três décadas de sangue alvinegro. Escrevo isso como um pai que sabe que o filho cometeu um crime e que merece ser preso, mas que no tribunal, movido pelo amor, torce para o juiz converter a pena em serviços comunitários. Estive em 2003 no Caio Martins diversas vezes. Aquele momento seria o ressurgimento do nosso clube, se no ano seguinte não tivéssemos escapado na última rodada e, com isso, voltado a crer que o nosso destino é esse mesmo. Se cair Botafogo, cairá junto com as máscaras dos políticos que moram em General, junto com as dos que fomentam essa estrutura. E se você cair, Botafogo, eu vou chorar como um pai que vê o filho atrás das grades, mas que de lá não arreda o pé.
           Que atire a primeira pedra quem em seu exercício de busca de solução, não tenha cogitado isso. Nesse momento, ficar na série A apenas parece ser bem menor do que o que está realmente em jogo, que é a decisão sobre o que significa o Botafogo de Futebol e Regatas.


domingo, 27 de julho de 2014

O doutor está - Por Daniel Accioly


Começo esse texto tentando com todas as minhas forças fugir de frases de efeito que habitam o universo da mística botafoguense, mas diante do quadro de extrema calamidade, como pelo menos não pensar na célebre "tem coisas que só acontecem..."? Ou ainda apelar para qualquer linha de raciocínio pessimista com o momento atual do clube, levando em consideração todo o caminho percorrido até então? Após um começo esperançoso, tendo como ápice a contratação de Seedorf e a boa campanha do brasileiro de 2013, que rendeu o clube vaga na Libertadores, a administração de Assumpção vai se encerrando de maneira desastrosa, dando margem para presidentes de outrora abrirem o bico de forma bem ampla. A semana foi recheada de pedradas.

Na sexta-feira (25/07), os presidentes dos 12 clubes grandes tiveram encontro com a presidente Dilma em Brasília. Na oportunidade, Assumpção pediu a palavra e de forma clara e objetiva colocou que a saúde financeira do clube está deteriorada em função do bloqueio do repasse dos direitos de TV, além da penhora das rendas dos jogos em função de dívidas com diversas fontes. A situação é tão periclitante que o mesmo ameaçou retirar o clube da competição, causando de imediato uma onda de chacotas pela rede, e imagino que na mesa da reunião, onde todos os presidentes de outros clubes devem ter no mínimo se escangalhado de rir por dentro. Tal situação é agravada pela exclusão do clube do Ato Trabalhista, dispositivo jurídico que possibilitava o parcelamento das dívidas do clube, que somadas giram em torno dos 700 milhões de reais (o valor no início do mandato do presidente era algo em torno dos 350 milhões). Em plena final de semana de clássico, era o estímulo que estava faltando para todos os envolvidos.

No início da semana, o ex-gerente de futebol Sidnei Loureiro já havia botado a boca no trombone sobre a zona na administração financeira do clube. Loureiro jogou no ventilador que mesmo com o corte de orçamento, os compromissos não foram honrados, que o clima com os jogadores era de constante tensão e que o descrédito já impera faz algum tempo. Não adianta vir com esse papo de que jogador tem que ser profissional, quando uma zona dessa impera. 

Para confeitar ainda mais esse bolo de lama, Bebeto de Freitas, que aparentemente ainda não devolveu o broche presidencial, resolveu se posicionar. Com energia, não poupou adjetivos para o atual presidente, o acusando de não ser homem suficiente para retirar o clube da série A e justificando a atual situação financeira do clube com o fato do dentista ter sonegado 95 milhões de reais. Isso tudo enquanto outros presidentes estão nos bastidores formando e fomentando suas alianças para o próximo pleito.


Para fechar a semana, o time entrou em campo já expondo como a ferida está aberta. Sendo um time bastante limitado e muito aquém do que tínhamos no ano passado, os jogadores brindaram os torcedores que fizeram um esforço para comparecer ao jogo com um futebol deprimente e uma derrota para o moribundo Flamengo. Com isso, o clube exerceu aquela função na qual parece ter se especializado, que é ressuscitar o maior rival quando o mesmo parece estar mergulhado em crise avassaladora. 

Apontar o problema é fácil, sobretudo quando o mesmo está tão ao alcance dos olhos, como é o caso da grave situação atual do clube. Porém, por isso mesmo acredito que a atenção precisa ser redobrada. Não é improvável que em um futuro bem próximo ocorra um cenário muito mais devastador do que o momento em que o clube visitou a série B. Quando o dentista chegou, ser dentista foi questionado por muitos em função da distância aparente da função com os aspectos administrativos que cercam a condução de um clube esportivo. Nada impedia que mesmo assim, Assumpção pudesse compensar tal conjuntura com dedicação e com o investimento na montagem de um staff que o assessorasse de forma profissional. O que o torcedor sente nesse momento é a angústia de estar sentado, incrédulo, quase que como em uma cadeira de dentista, tendo seus dentes arrancados, sem anestesia. Sem anestesia....

 

Encerro esse pequeno apanhado da semana mostrando a nova camisa nº4 do clube. O detalhe fica por conta de um dos patrocinadores, que só seria superado em graça se um dia o Fluminense passasse a ter em sua camisa o patrocínio da Isfahan tapetes persas. 











quinta-feira, 17 de julho de 2014

A primeira impressão é a que fica (mas nem sempre) - Por Daniel Accioly



Após a derrota para a equipe do Sport por 1 a 0 na Ilha do Retiro, os alvinegros nem tiveram tempo para ficar remoendo (mais) tal resultado negativo. Na madrugada de quarta para quinta já ventilava em diversos sites e páginas que Sebastian "El Loco" Abreu estava de volta, dessa vez por empréstimo até o final do ano. Alguns alvinegros (me incluo entre eles) comemoraram, outros lamentaram. Loco Abreu está no final da carreira, dificilmente irá ter o desempenho que teve em sua primeira passagem e em ano de eleição, sabemos que uma contratação dessa pode ter apenas significado eleitoreiro, sendo um afago nos desesperançosos e desinteressados torcedores. Abreu não jogou a Copa do Mundo, apesar de estar fazendo um razoável campeonato argentino, e vem para buscar seus últimos dias de glória como jogador. "El Loco" retorna agora com a missão de reerguer o time da estrela solitária, atualmente na incômoda 14ª colocação do nacional.

Tal cenário fez com que eu me lembrasse de alguns retornos de jogadores importantes que tiveram uma segunda passagem pelo clube. Trago aqui alguns para tentar contribuir com os debates sobre a volta do uruguaio.


Túlio Maravilha
Começo pelo maior ídolo da geração de quem está na casa dos 30 anos. Túlio chegou em 1994 da pouco expressiva Suíça futebolística e tinha em sua bagagem a artilharia do Brasileirão de 89 pelo Goiás. Teve o seu melhor momento na carreira marcando 163 gols em 2 anos. Em 97, Túlio foi para o Corinthians e seu retorno à General Severiano ocorreu em 98, com atuação Menos exuberante, marcando 21 gols. O artilheiro ainda retornaria em 2000, marcando 4 gols em 14 jogos. O tempo foi pesando para o artilheiro, mas mesmo com o declínio de seu desempenho, somos gratos por tudo que ele fez.


Dodô
O "atacante dos gols bonitos" iniciou sua passagem pelo Botafogo em 2001, ficando até 2002. Nesse período, o atacante teve atuações de destaque, dando esperanças ao torcedor. Mas o atleta interrompeu seu primeiro ciclo em função de problemas financeiros do clube. Dodô retornou em 2006 e ficou até o final de 2007 e, mesmo com o caso do dopping,. teve passagem fantástica pelo clube, marcando 90 gols em 124 jogos e dando ao torcedor a impressão de que aquele ano não teria como passar em branco. Ah, como 2007 sai do calendário, mas não sai de nossas mentes...


Donizete
Apesar de atacante, Donizete não possui um histórico de muitos gols (sua média de gols ao longo da carreira foi de aproximadamente 5 gols por temporada). Mesmo assim, foi um grande jogador, sobretudo por dar suporte aos seus companheiros de ataque, se deslocando com velocidade e armando jogadas. Passou pela primeira vez no clube em 1989, sendo um dos destaques do Bi-carioca de 90. Mas sua grande passagem foi em 95, onde ajudou o clube a ser campeão nacional, tendo inclusive jogado a final machucado, por iniciativa própria.


Wilson Gottardo
O nosso atual diretor de futebol esteve presente em duas das maiores glórias de nosso clube, que foi o esperado título estadual de 89, atuando com Mauro Galvão em dupla considerada por muitos a maior que o clube já teve, e em seu retorno ao clube em 94, sendo campeão brasileiro no ano seguinte. Não é possível destacar uma das passagens. Gottardo foi fundamental em ambos os momentos, e é uma pena que não tenha jogado mais tempo em nosso clube (mesmo sendo o Botafogo o clube onde mais atuou).


Jefferson
O nosso representante na seleção está no clube desde 2009 em sua segunda passagem, dando fim ao pior momento que o clube passou em função de goleiros. Na primeira passagem em 2005, o goleiro era jovem e veio emprestado pelo Cruzeiro, após a torcida do time mineiro o condenar por falhas em jogos. Jefferson teve boas atuações em sua primeira passagem, mas não se compara ao segundo momento, onde se tornou a cara do time e candidato à ídolo. Só falta um título nacional para coroar tudo que ele fez pelo clube.


Lúcio Flávio
Peço um desconto aqui aos críticos ferrenhos, em função da importância de Lúcio Flávio para o funcionamento daquele time de 2007. Junto com Jorge Henrique, Zé Roberto e Dodô, "El Pelé blanco" (como foi apelidado prematuramente em passagem posterior no México) foi um dos destaques do time. Seu retorno ao clube foi bem aquém de sua primeira passagem, brindando a torcida com lentidão e displicência. Mesmo assim, fez parte do elenco da campanha do estadual de 2010, ficando em segundo plano, vendo Jefferson, Herrera e Loco Abreu liderarem a conquista emblemática.


Maicosuel
Maicosuel impressionou com seu início no clube, em 2009. tanto que rapidamente despertou interesse do mercado europeu. Não se adaptando em terras germânicas, o atleta regressou ao Botafogo, onde teve uma infeliz lesão logo no início de sua segunda passagem, em 2010. Mas aos poucos foi reconquistando prestígio a ponto de novamente fazer as malas para a Europa. Atualmente, retornou ao Brasil para o Atlético-MG e teria vaga fácil em nosso atual time.


Sérgio Manoel
Um nome que muitas vezes fica ofuscado nos registros históricos mais preguiçosos, mas que foi responsável pela forma dinâmica e organizada como o time jogou em 1995. Excelente cobrador de falta, chegou ao auge da carreira em nosso clube, quando chegou a ser convocado para a seleção brasileira. Em sua segunda passagem em 1998, já não conseguiu repetir as mesmas atuações, mas ainda sim compôs bom time, com Bebeto e Túlio. Passaria em 2006 ainda de forma apagada em função da idade, mas não por falta de vontade.

Esses atletas foram apenas alguns dos quais me recordo. A segunda e possivelmente última passagem de Loco Abreu pelo Botafogo dificilmente será tão brilhante quanto a primeira por uma questão meramente fisiológica. Mas tenho sim esperança que com o seu estigma, as equipes adversárias joguem não com medo, mas pelo menos com um pouco mais de respeito, lembrando quem sabe que estão diante do Botafogo, aquele do Túlio, do Gottardo, Donizete....

ATUALIZAÇÃO: Apesar de boa parte da imprensa dar o negócio como fechado, Abreu preferiu cumprir seu contrato com o Rosário Central (ARG) até o final. Com isso, um retorno de "El Loco" só será possível (se for possível) a partir de 2015.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O verdadeiro teste pra cardíaco vem agora - Por Daniel Accioly



O Brasil vive a ressaca que sempre se sente após uma Copa do Mundo. A ressaca dessa vez parece mais intensa em função do mundial ter sido em terras tupiniquins, além da forma melancólica como o escrete nacional se despediu do torneio. Mas agora faltam poucos dias para nós alvinegros retornarmos à nossa depressão anual, que tanto adoramos: O Campeonato Brasileiro.

Durante a Copa, o clube não parou, e o resumo dos principais fatos vale ser citado para àqueles que só respiraram seleção brasileira. Logo nos primeiros dias de mundial, recebemos a notícia de que Yuri Mamute, revelação de 19 anos do Grêmio faria parte do elenco até o final do ano. Nome folclórico que já irrita de cara, mas nem por isso deixaremos de ter paciência com a aposta. Enquanto isso, o São Paulo tratava de mexer os pauzinhos para repatriar Kaká para reforçar o já intimidativo time. Apesar de não estar desempenhando entusiasmador futebol, Lodeiro deixou General Severiano rumo ao Corinthians. Lodeiro não resolvia nossa vida, mas quem entra no lugar dele? Enquanto isso, Risso e Sassá foram ganhar bagagem no Náutico.

E mais baixas foram ocorrendo, como foi o caso de Octávio, que foi emprestado para a Fiorentina (ITA) por um ano, com opção de compra por parte do time italiano por 2 milhões de euros, fortuna que certamente resolveria os problemas do clube (só que não). A segunda e última contratação do período foi a do jovem João Gabriel, vindo do Matonense. Enquanto isso, o Vasco anunciava Kléber Gladiador para reforçar o elenco para a Série B. Maicosuel foi novamente repatriado, dessa vez pelo Atlético-MG. Isso sem contar com a entrada em massa de jogadores estrangeiros no país no período, como os argentinos Héctor Canteros (Flamengo), Matias Rodriguez (Grêmio), Martin Luque (Internacional), Pablo Mouche e Fernando Tobio (Palmeiras), além do paraguaio Angel Romero (Corinthians).

Se formos falar da intertemporada, enquanto o Fluminense tomava uma sacolada da seleção italiana, o Atlético-MG ia para a China jogar uma bolinha contra times locais e vencer o Guangzhou Evergrande (campeão da Champions asiática), São Paulo ia estendendo sua marca e medindo forças contra times dos EUA, onde Cruzeiro também esteve, o Botafogo fazia seus ajustes em jogos-treino contra Madureira (derrota por 4x2), Artsul (vitória por 2x1) e São Gonçalo (vitória por 4x1). Espero com sinceridade que o Mancini tenha conseguido tirar bom proveito desses jogos, apesar da qualidade das equipes adversárias.

Uma das novidades boas que envolve uma aposta de risco, apesar de envolver um personagem de altíssimo nível, foi o anúncio de Wilson Gottardo como diretor de futebol do clube no lugar de Sidnei Loureiro. Gottardo possui muita identificação com o clube, mas vai ter que mostrar muita diplomacia em um cargo de alta politicagem. Sendo o ex-zagueiro um cara que sempre prezou a correção, devemos esperar para vermos se o sistema o vencerá ou um novo modelo administrativo vingará no clube. O clima político dentro do clube é intenso, e a insatisfação parece dar o tom das correntes internas. Maurício Assumpção sairá com o prestígio totalmente em baixa em seu final de mandato, provavelmente sem responder (de forma objetiva e honesta) as questões sobre o Engenhão e sobre o balanço do clube. Toda movimentação política dentro do clube é digna de atenção, sobretudo quando sabemos que José Rolim, Carlos Augusto Montenegro e Mauro Ney Palmeiro estão na área, os dois últimos desenhando uma nova frente. Sempre há carne para se roer no osso.

A Copa não parece ter sido abençoada para o Botafogo, não vimos o Jefferson ser prestigiado e ainda parece que retornaremos mais fracos para o restante do campeonato. Ah, e a última é que em função da impossibilidade de Jefferson jogar e pela aparente resistência de Renan em assumir o gol, iremos do jovem Andrey contra o Sport, em plena Ilha do Retiro. Haja coração!

sábado, 21 de junho de 2014

About Garrincha - Por Daniel Accioly



Nessa semana, o jogador holandês Van Persie, um dos destaques dessa edição da Copa do Mundo, revelou sua grande inspiração no futebol. Para quem esperava o trivial Pelé ou Maradona, ou mesmo os conterrâneos Cruyff, Van Basten ou Gullit, a revelação de que Garrincha rodeia a imaginação do craque do Manchester United causou surpresa. Persie declarou: “Eu assisti a um filme quando eu era adolescente sobre o Garrincha, e me inspirou muito a maneira como jogava. Era rápido, marcava grandes gols, fazia grandes cruzamentos. Foi uma inspiração entre jogadores brasileiros.”. Para nós, mesmo os que não puderam desfrutar da genialidade de Mané (como é meu caso), acho que não foi tão surpreendente assim. Porém, percebi uma certa consternação por parte dos sites e páginas no Facebook ligadas ao glorioso. Mané é marginalizado pelos que tem voz, tratado por alguns veículos como uma simples passagem histórica. Mas ainda bem que outros que possuem voz se manifestaram sobre esse gênio, ao longo dos tempos. Reuni abaixo alguns fragmentos, videos e citações de grandes craques e jornalistas sobre o nosso eterno camisa 7. Evidente que faltam muitas, mas a minha intenção é apenas proporcionar um aperitivo.

Garrincha: Depoimentos de Didi, Nilton Santos, Denner e outros:



Maradona: "Jamais alguém, além de Garrincha, precisou não de cinco mas de oito marcadores em simultãneo para evitar que destroçasse completamente a defesa adversária."

Jairzinho: "Eu adorava fazer gols e o Garrincha, o meu antecessor, era a minha referência. Ele marcava de letra, de perna esquerda, de livre, de cabeça, de todas as formas. Ser colega de equipa dele, no clube e na seleção, só pode ter sido uma bênção divina."

Seedorf: Craque holandês coloca Garrincha entre os maiores do mundo. Holandês diz que 'mais de mil pessoas' lhe contaram sobre o ídolo alvinegro.


Cruyff: Johan Cruyff montou seu time ideal em seu segundo livro, “Futebol, minha filosofia”.O time ideal de Cruyff tem  Yashin; Carlos Alberto, Beckenbauer e Krol; Guardiola, Bob Charlton, Keizer e Maradona; Di Stéfano, Pelé e Garrincha.

Gerson: O canhotinha de ouro fala sobre a genialidade de Garrincha.


Eusébio: “(...) houve um brasileiro melhor do que Pelé. Era Garrincha. Tinha a perna torta assim (indicando com o braço), e outra esticada normal. Como podia fazer aquilo tudo com essas dificuldades? Era um paralítico! E como jogou bola... Muito melhor do que todos nós. Mas como Garrincha era do povo, gostava de outra bebida que não era exatamente a água, ficou marginalizado.”

Neymar: "Claro que é sempre uma honra ser comparado ao Pelé, mas meu pai já me disse uma vez que meu futebol é mais parecido com o do Garrincha."

Rivellino: Para Roberto Rivelino, titular do time tricampeão mundial em 1970, Mané foi melhor que o Rei em Mundiais.


Como um "plus", ainda vale o que o site da FIFA diz sobre o anjo das pernas tortas, nesse LINK.

Portanto alvinegro ou torcedor de outro clube, nada de exaltações. O que Van Persie disse é muito importante por manter viva a memória do maior jogador de futebol que já existiu, mas de forma alguma deve ser encarado como polêmica, e sim como mais uma declaração. Trouxe apenas alguns indícios dos muitos que estão espalhados de que no Botafogo de Futebol e Regatas, jogou o maior.

domingo, 8 de junho de 2014

Ele merece - Por Daniel Accioly



Ídolo: s.m. Figura, estátua que representa uma divindade que se adora.
Pessoa à qual se prodigam louvores excessivos ou que se ama apaixonadamente: ele é o ídolo da juventude.
Diz-se de certas figuras que desfrutam de grande popularidade (artistas de cinema, cantores populares, jogadores de futebol etc.).

Optei por escolher iniciar o texto com o fragmento acima apenas por lembrar que o conceito de ídolo pode ser difuso, sobretudo para os mais jovens, mesmo que seja sabido através dos relatos históricos que por nosso clube passaram atletas como Heleno de Freitas, Garrincha, Nilton Santos, Jairzinho e tantos outros. Acompanho o Botafogo há 25 anos e vi em raros momentos brotar o sentimento de reciproca idolatria entre nossa torcida e um atleta. E quando aconteceu, aconteceu por um motivo muito simples, que transcende questões técnicas ou táticas. Os ídolos das ultimas décadas optaram por vestir a camisa da instituição Botafogo, e não a da equipe Botafogo. E se existe uma corrente que diz que de forma alguma Sebastian Abreu foi ídolo, sugiro que daqui há alguns anos seja feito o seguinte teste, muito simples: Basta sair por aí, identificar botafoguenses e dizer para para os mesmos o nome "Loco Abreu". Improvável que o resultado de parcela mais que significativa não seja um imediato sorriso. Caso você seja o entrevistador e queira confirmar o resultado coletado, experimente dizer  "Dodô" em seguida...

Abreu foi contratado em 2010 e por pouco não vai para o Santos. Desconhecido aqui o Brasil, possuía a credencial de jogador da seleção uruguaia e colecionava algumas atuações de destaque em clubes como Nacional (URU) e River Plate (ARG). Porém, em sua passagem anterior pelo Brasil, jogando pelo Grêmio, nenhuma impressão significativa deixou a ponto da torcida alvinegra ter algum material para embasar esperança. As contratações anteriores dos atacantes estrangeiros Escalada e Zarate ainda repercutiam no imaginário alvinegro, e a estréia do camisa 13 foi logo no emblemático 6 x 0 contra o Vasco. Substituído no intervalo, Abreu parecia apenas mais um personagem fadado ao insucesso, vivendo um sonho de verão no Botafogo. Porém, no mesmo carioca desse triste placar, El Loco colocou nosso maior rival de joelhos, de uma forma que você sempre vai lembrar, seu filho vai lembrar, seu neto vai saber e seu bisneto vai ver.

Em sua passagem, Abreu conseguiu elevar a auto-estima do clube e da torcida, apesar de que seus feitos foram apenas semente para um clube que ainda se vê gordo e feio quando de frente para o espelho. Em 25 anos de Botafogo, só consigo citar Túlio como outro que conseguiu vestir a camisa da instituição e causar esse frio na barriga do ranzinza por natureza (com toda razão) botafoguense. Tal análise não quer dizer que outros jogadores não tiveram passagens de destaque. Por aqui, vi jogadores do mais alto gabarito como Bebeto, Dodô, Seedorf, entre outros. Nenhum dos citados vestiu a camisa da instituição, mas serão encontrados nos registros históricos. O registro histórico de El Loco merece um volume próprio.

Sebastian Abreu já está nos últimos momentos como jogador. Não conseguiu se manter no grupo de Oscar Tabárez e desfruta do frisson de ser jogador no Rosário Central. Apesar de tudo isso, imagino o uruguaio no Botafogo em breve. E ele vai querer.

Por isso, quem puder (e quiser) prestigiar essa emblemática figura, deve comparecer ao evento "Loco Convida - Eu quero é ver o Loco!" em Copacabana nessa terça-feira, dia 10/06. Uma grande homenagem com diversos eventos dentro de uma programação que será iniciada às 19 horas. De acordo com a organização, restam poucos convites.

Pode ser que Sebastian Abreu não tenha sido craque, mas uma coisa é incontestável: Ele merece.


A programação do evento contará com as seguintes atrações:

18h30 - Loco Responde (coletiva para imprensa, com participação de torcedores sorteados)
19h - Exibição de gols no telão comentados pelo craque
19h30 - Entrega de Diploma da Honra da Torcida Alvinegra
19h45 - Sorteio de brindes autografados
20h às 22h - Seção de autógrafos e fotos
22h em diante - Música com DJ

Serviço:
LOCO CONVIDA – EU QUERO É VER O LOCO!
Local: Café Del Mar (Av. Atlântica, 1910, próximo a esquina da República do Peru)
Ingresso: R$ 50,00 por pessoa com direito a camisa-convite de recordação e uma bebida (cerveja ou refrigerante)
Vendas através do site: http://www.ingressocerto.com/lococonvida ou nos seguintes pontos de venda:
Banco de Areia - Riosul
South - Barra Shopping
South - Centro (rua do Ouvidor 164)
South – Boulevard Rio Shopping (antigo Shopping Iguatemi)

*Será cobrada uma taxa de conveniência para as compras on line.
*As vendas se encerrarão às 10h do dia 09.06 (segunda feira)
*Os convites adquiridos serão trocados pelas camisetas-convite, exclusivamente no local do evento, nos dias 09/06 (das 12h às 19h) e 10/06 (das 9h às 18h).
* Crianças acompanhadas dos responsáveis poderão permanecer no local até às 22h.

Informações: www.facebook.com\lococonvida